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27/04/2020

MARCHA VIRTUAL PELA CIÊNCIA



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Marcha Virtual pela Ciência



A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), junto a suas Secretarias Regionais e Sociedades Científicas Afiliadas, somam forças a entidades de todo o País ligadas à CT&I para a realização da Marcha Virtual pela Ciência no Brasil no dia 07 de maio. Com atividades transmitidas pelas redes sociais ao longo do dia, o objetivo da manifestação é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas.



Participe da Marcha Virtual pela Ciência! Vamos nos unir neste #paCTopelavida! #FiqueEmCasacomCiência







26/04/2020

Estratégia de inovação em tempos de pandemia


*Ótimo artigo, abordando "Estratégia de inovação em tempos de pandemia" de forma clara, sugerindo formas de lidar com as crises, momento de utilizar a criatividade, ocasião em que surgem invenções, descobrimentos e estratégias.
Faz uma análise do impacto em setores importantes  e explica um pouco da teoria de difusão da inovação, segundo Everett Rmogers.
Por fim, faz uma síntese, falando sobre pandemia, mudança e necessidade de adaptação.



Por Marcelo Caldeira Pedroso, professor livre-docente da FEA/USP

Editorias: Artigos - URL Curta: jornal.usp.br/?p=316803


Marcelo Caldeira Pedroso – Foto: FEA/USP




















Provavelmente a melhor forma de lidar com as crises seja um misto de realidade com otimismo. Quando a crise é inevitável ou já está instalada (senso de realidade), vale a pena pensar em formas de potencializar as oportunidades dela decorrentes (senso de otimismo). Nas palavras de Albert Einstein: “A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias”.

No momento atual, a crise tem nome e sobrenome: denomina-se pandemia do coronavírus covid-19 (Sars-CoV-2). Neste contexto, trazemos uma reflexão: como as organizações podem aproveitar a crise como um fator impulsionador da inovação?

O conceito de inovação, no sentido amplo, pode ser entendido como “algo novo” para uma organização e, de maneira geral, também para as pessoas por ela impactadas. Isso significa que inovação implica mudança. No sentido inverso, uma mudança significativa no ambiente externo pode gerar a necessidade de inovação.

Essa questão reflete o contexto atual: a inovação como um imperativo, ou seja, um elemento que se impõe para lidar com uma mudança significativa no ambiente externo (no caso, a pandemia e suas consequências).

Em geral, pode-se dizer que as pessoas (e também as organizações) mudam por necessidade. Segundo Sigmund Freud, “quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda”. Em outras palavras, as pessoas e as organizações mudam quando suas percepções dos benefícios para mudar compensam os esforços e riscos associados à mudança. No caso da pandemia, o benefício pode ser incomensurável. A depender do contexto organizacional, a pandemia pode trazer importantes consequências aos negócios de uma organização, ou até mesmo colocar em risco sua sobrevivência.

As mudanças impostas ou adaptativas decorrentes da pandemia têm proporcionado diversas novidades, dentre outras: novos hábitos sociais (ex.: distanciamento social), impactos econômicos e sociais devidos à restrição de atividades consideradas como não essenciais (ex.: fechamento de parte do comércio), adoção de novas tecnologias (ex.: plataforma de videoconferência), novas formas de trabalho (ex.: trabalho remoto) e novas regulamentações (ex.: telemedicina, flexibilização da jornada de trabalho).

Isso tem causado impactos substanciais em alguns setores da economia. Provavelmente, alguns destes serão tratados como “antes e depois da covid-19”. Vamos considerar um conceito da inovação para refletir sobre isso. Nos anos 60, Everett Rogers preconizou a teoria de difusão da inovação. Segundo Rogers, a difusão é o caminho pelo qual uma inovação é disseminada ao longo do tempo entre os participantes de um sistema social. Segundo esse conceito, as pessoas podem ser classificadas em grupos de acordo com o tempo que demoram para adotar uma inovação. Esses grupos são: os inovadores, ou seja, os primeiros a aderir à inovação (que representam cerca de 2,5% da população); os primeiros adeptos, que adotam a inovação logo após os inovadores (representam cerca de 13,5% da população); o grupo classificado como maioria inicial, ou seja, aquelas pessoas que observam e aprendem com as experiências dos grupos antecessores (representam cerca de 34% da população); o grupo tratado como maioria tardia, ou seja, aquelas pessoas que costumam aderir a inovações já testadas e consolidadas (também representam cerca de 34% da população); e os retardatários, que são o último grupo a adotar a inovação (representam os restantes 16% da população).

Quando a inovação atinge a maioria inicial, ela tende a se consolidar. Quais são as implicações da teoria de difusão da inovação no contexto atual? Em função da pandemia, alguns setores precisaram adotar inovações em grau elevado. Exemplos desses setores incluem a educação (por meio de diferentes formatos de educação a distância), varejo e logística (compras on-line e entregas no ponto de consumo), assistência à saúde (por meio da telemedicina), além de diferentes atividades administrativas (por meio do trabalho remoto), processos decisórios e de comunicação (por meio das reuniões e interações por videoconferência).

Em certos casos, muito provavelmente essas e outras mudanças já ocorreram numa prevalência que atingiu a maioria inicial ou até mesmo a maioria tardia da população atuante nesses setores. Isso tende a consolidar as inovações. Assim, após a pandemia, certamente esses setores deverão fundir, sobrepor ou equilibrar as novas práticas com as antigas. Ou seja, as mudanças impostas pela pandemia tendem a transformar determinados setores.

Em síntese, a pandemia implica uma mudança (em maior ou menor grau) no ambiente externo da organização, o que implica também a necessidade de adaptação desta a um novo contexto. Algumas mudanças realizadas tendem a se consolidar em determinados setores (ex.: educação, varejo e saúde) fazendo com que a premência de inovação seja evidenciada pela pandemia. Portanto, uma mensagem para as organizações é: além da estratégia de gestão de crises, aproveitem o momento para repensar sua estratégia de inovação.




* Cleime J. Silva

22/04/2020

Dispositivo monitora ar e ajuda a prevenir coronavírus em ambientes fechados



Empresa incubada na USP vai usar tecnologia para coletar amostras de ar em hospitais e identificar presença de vírus da covid-19





Dispositivo com tecnologia SPIRI, do tamanho de uma carteira, monitora parâmetros básicos de qualidade do ar, como temperatura e umidade relativa, e também os mais avançados, entre eles as concentrações de dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis (COVs) e material particulado (MP), seja partículas finas ou grossas – Imagem: Divulgação

Um dispositivo automático para monitorar a qualidade do ar em ambientes internos pode se tornar um importante aliado no combate à transmissão da covid-19. O equipamento com a tecnologia SPIRI fornece informações sobre temperatura, umidade do ar e presença de partículas em suspensão no ar, nas quais o vírus da doença pode estar presente. O produto já está disponível no mercado e os criadores vão iniciar um trabalho de coleta de amostras de ar em hospitais para verificar a presença do vírus da covid-19, com um dispositivo adicional adaptado para auxiliar no combate à pandemia. O dispositivo é fabricado pela Omni-Electronica, uma startup incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), instituição vinculada à USP e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

O dispositivo faz o monitoramento da qualidade do ar em tempo real, explica o engenheiro Arthur Aikawa, CEO da Omni-Electronica. “Ele permite uma visibilidade e uma indicação que aquele ambiente é mais ou menos propício à contaminação cruzada e todos os outros malefícios que a má qualidade do ar tem nas pessoas que ocupam esses espaços”, conta o pesquisador ao Jornal da USP. “Manter ambientes bem ventilados, com qualidade ao ar adequada, é essencial para poder retomar nossas atividades o quanto antes, sem correr o risco de que o sistema de saúde seja extremamente sobrecarregado por um número excessivo de pessoas contaminadas simultaneamente.”

De acordo com Aikawa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que o vírus da covid-19 pode ser transmitido por meio de partículas em suspensão no ar. “Quando uma pessoa tosse, ela não vai gerar apenas aerossóis, partículas grandes, da ordem de 10 micrômetros, que vão cair numa distância de aproximadamente 1,5 metro”, explica. “Existem também os bioaerossóis, partículas entre 2 e 5 micrômetros de diâmetro, que devido ao tamanho e massa reduzida conseguem ficar em suspensão no ar em ambientes internos por até três horas”.

Nas últimas semanas, embora a OMS não possua evidências científicas suficientes da transmissão do vírus por aerossóis e bioaerossóis, órgãos como a Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (ASHRAE) e a Federação das Associações Europeias de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (REHVA) descrevem em notas de orientações nas últimas semanas que esse mecanismo de transmissão não deve ser ignorado, diz o engenheiro ao Jornal da USP. “A covid-19 é uma doença muito recente, os estudos e experimentos estão sendo produzidos agora, e aos poucos novas evidências vão surgindo”, observa.

Um estudo internacional que avaliou a estabilidade do vírus em superfícies, também estudou o vírus em bioaerossóis e constatou que o vírus permanecia ativo nessas microgotículas por até três horas, aponta Aikawa. “É extremamente importante que os ambientes estejam bem ventilados e com uma baixa concentração de particulados suspensos, como os bioaerossóis”, ressalta. “O monitoramento permite avaliar constantemente se a temperatura e a umidade do ar estão adequadas, para reduzir a probabilidade do vírus se propagar, e também se a ventilação está adequada.”

Qualidade do ar

O dispositivo é multissensorial, capaz de avaliar vários parâmetros do ambiente em que se insere. “O equipamento monitora parâmetros básicos de qualidade do ar, como temperatura e umidade relativa, e também os mais avançados, entre eles as concentrações de dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis (COVs) e material particulado (MP), seja partículas finas ou grossas”, descreve o engenheiro. “Todos esses parâmetros, que fazem parte da Resolução RE-09 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre qualidade do ar em ambientes internos no Brasil, são informados uma vez a cada dois ou três minutos para o usuário.”


Arthur Aikawa, CEO da Omni-
Electronica: pesquisas para avaliar
presença do vírus – Foto: Divulgação

Segundo Aikawa, com uma série de dispositivos instalados em edifícios, é possível fazer um raio X da qualidade do ar em todos os seus ambientes. “Em hospitais, o dispositivo atende também à questão de prevenir a contaminação de alas e quadros de infecção hospitalar que podem ser causados por reformas em suas dependências”, salienta. “Tem que haver um equilíbrio dos parâmetros da qualidade do ar para que você possa diminuir a chance de contaminação de pessoas que geralmente estão com um quadro de saúde mais debilitado.”

A verificação da qualidade do ar possibilita tomar as providências necessárias em caso de anomalias, observa o engenheiro. “Isso se faz pelo monitoramento do dióxido de carbono e outros compostos voláteis”, diz. Por meio da ventilação, o ar interno é renovado e filtrado, sendo diluído com o ar externo, o que diminui a concentração de partículas e torna a carga viral muito menor. “Em ambientes internos, mesmo a uma distância de dez metros, se aquele ambiente não estiver bem ventilado e as pessoas ficarem ali por várias horas, elas podem se contaminar. Existe uma possibilidade de que elas se contaminem por bioaerossóis.”

A empresa, fundada em 2016 por um grupo de engenheiros da pós-graduação da Escola Politécnica (Poli) da USP, começou a desenvolver a tecnologia SPIRI em janeiro de 2017, com financiamento do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A comercialização foi iniciada no ano passado. “Hoje o dispositivo está instalado em aeroportos, escritórios e indústrias alimentícias, onde já é utilizado para avaliar e fazer a gestão da qualidade do ar”, relata Aikawa. “Ele vai se tornar cada vez mais importante quando surgem situações de pandemia, em que um cuidado extra deve ser tomado para diminuir a probabilidade de contaminação de uma pessoa para outra.”

Além de o dispositivo já estar disponível no mercado, Aikawa relata ao Jornal da USP que a empresa iniciou há dez dias um trabalho de replicação de pesquisas internacionais para coleta de microgotículas e avaliação da presença do vírus. “Estamos em contato com alguns hospitais para fazer a amostragem do ar e a coleta dessas amostras. A ideia é incluir um serviço de amostragem para avaliar se o vírus estava presente ou não em microgotículas suspensas naquele ambiente”, destaca. “Isso vai ser extremamente necessário porque não vai ser possível retomar da noite para o dia tudo como era antes e vamos precisar de ferramentas para gerenciar essa retomada.”

URL Relacionada:

18/04/2020

Coronavírus: grávidas e puérperas na pandemia


Grávidas e puérperas são grupo de risco Foto: William Santos/UFRJ
Muitos questionamentos e emoções envolvem a chegada de uma nova vida. Do descobrimento da gravidez até o momento do parto, as incertezas e a insegurança mexem com a cabeça de mães e pais. O período após o nascimento do bebê também não é diferente. Nos últimos meses, uma nova preocupação entrou na lista: o coronavírus.

Em nota à imprensa, o Ministério da Saúde informou sobre uma mudança de protocolo que inclui grávidas e puérperas no grupo de risco para a COVID-19. Esse novo status exige maior atenção nos cuidados individuais e coletivos, já que essas mulheres podem apresentar casos mais graves da doença. Marcus Renato de Carvalho, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ e pediatra, afirma que o momento deve ser de observação e cuidados. “É importante que elas tomem ainda mais precauções para se proteger e relatem possíveis sintomas para seus provedores de cuidados de saúde”, disse, completando que o distanciamento também é uma das formas de proteção para as gestantes.

Estas são algumas das indicações para esse público: trabalho remoto ou afastamento, principalmente para trabalhadoras da saúde; apenas consultas e exames essenciais do pré-natal, com utilização da teleconsulta sempre que possível; ausência de visitas durante a gestação e o pós-parto; atenção redobrada à higiene dos cuidadores da mulher e do bebê.

O momento do parto também exige cuidados redobrados. Procedimentos dispensáveis, como cesáreas eletivas e indução desnecessária, devem ser evitados para que a parturiente não precise ficar mais tempo no hospital. Carvalho afirma que é preciso avaliar a presença do acompanhante, que não deve apresentar sintomas nem ser dos grupos de risco, minimizando assim as chances de infecção. “Mas isso não quer dizer que a presença do acompanhante deve ser negada”, ressalta.

Aleitamento é necessário

Não há nenhuma evidência científica que aponte o leite materno como uma possível fonte de transmissão da doença. O professor reitera que a orientação do MS é de que a amamentação não deve ser suspensa em casos de a mãe ter a suspeita de infecção pelo novo coronavírus, mas que é preciso seguir um protocolo de cuidados mais rígido. O uso de máscara é indispensável nesses casos, assim como a higienização das mãos antes e depois do aleitamento.

“Salvo alguma intercorrência que exija a separação do binômio, como, por exemplo, o agravamento das condições de saúde maternas, é perfeitamente possível que mãe e filho permaneçam em sistema de alojamento conjunto na maternidade até a alta hospitalar”, explica.

Isolamento não é abandono

Um dos momentos mais delicados para uma nova família é o puerpério. Conhecido como “blues puerperal”, o período que se segue ao parto é, muitas vezes, solitário. Segundo Carvalho, alguns casos podem ser o início de um quadro de depressão pós-parto. “O apoio da família e a participação do companheiro ou companheira são essenciais para que a mulher sinta-se segura nesse momento”.

A rede de apoio, essencial nessa fase, precisa continuar dando suporte à nova família, e as novas tecnologias podem ajudar, seja por vídeo, ligações ou mensagens. “E, também, não deve ser abandonada pelo obstetra, pediatra, enfermeira obstetra, doula, psicóloga ou alguém da equipe perinatal com quem ela tenha feito uma melhor conexão ou vínculo afetivo”, declara.

O professor lembra também que, mais do que nunca, os pais precisam assumir seus papéis na criação dos filhos, valendo-se de suas licenças-paternidades e antecipação de férias para dividirem as tarefas de maneira justa, cuidando dos afazeres domésticos, do bebê e, claro, da mãe.



16/04/2020

Projeto EPI/UFG oferece capacitação para produção de máscaras

Unidades acadêmicas da UFG estão unidas não só para a produção, mas também para a capacitação da comunidade em geral para confeccionar máscaras


Texto: Débora Alves



O Projeto EPI segue com ritmo acelerado a produção Equipamentos de Proteção Individual (EPI), com materiais doados pela Organização Voluntária de Goiás (OVG) e outros parceiros. O projeto é resultado da união de esforços de diversas Unidades Acadêmicas da UFG em resposta a emergência de saúde pública internacional relacionada a COVID-19 e, com ela, da falta de equipamentos de proteção individual para o uso do profissional da saúde e as pessoas de modo geral. nesta nova etapa, o Projeto EPI passou a capacitar confecções e grupos interessados em aprender a produzir máscaras caseiras.

A primeira capacitação feita para produção de máscaras foi realizada no dia 07/04, em Goianésia para o Grupo Jalles Machado. Durante o curso de capacitação os participantes foram orientados sobre protocolos, normas técnicas, ambiente para produção e formas de confeccionar o produto. A professora da Faculdade de Enfermagem e uma das coordenadoras do projeto, prof.ª Luana Cássia Miranda ressaltou a iniciativa. “O fato das universidades conseguirem cumprir seu papel social de colocar o conhecimento para sociedade, de compartilhar, contribuindo para a formação com esclarecimento em especial nesse momento em que estamos vivendo de pandemia é muito importante”, afirmou.

Também foi realizado no dia 13/04 a capacitação na Associação das Mães Mônica do Brasil, esteve presente a professora da Faculdade de Enfermagem, Heliny Carneiro e o professor da Faculdade de Artes Visuais, Carlos Gustavo Martins. Participaram da capacitação o responsável pela Associação, Padre Sérgio Ferreira e outros seis integrantes. Foram realizadas ainda orientações em relação ao controle do ambiente e sobre o processo de confecção das máscaras. Para facilitar a produção das máscaras, a Associação irá organizar o ambiente, realizar escalas de trabalho e fazer uma campanha de divulgação para angariar voluntários. 

Capacitação na Indústria Jalles Machado, em Goianésia





Capacitação na Indústria Jalles Machado, em Goianésia





Capacitação oferecida na Associação das Mães Mônica do Brasil


Fonte: Secom/UFG



A pergunta que vale alguns bilhões de reais

Professora discute os cenários econômicos possíveis de retomada da economia


Alethéia Ferreira da Cruz*

Alethéia Ferreira da Cruz

Como a economia irá se restabelecer no Brasil? Hoje é a pergunta que vale alguns bilhões de reais. Tudo ainda é incerto e depende de variáveis que necessariamente não estão sob nosso controle, como o curso do vírus na nossa sociedade. Há pelo menos três potenciais cenários de comportamento econômico a se considerar pós pandemia corona vírus: uma curva em V, uma em U e outra em L. Para compreender melhor estes cenários, é preciso focar em dois impactos econômicos gerados pela Pandemia, àquele associado diretamente ao combate ao vírus e outro relacionado as políticas econômicas adotadas para a proteção da economia e dos mais vulneráveis. 

Embora sejam estratégias independentes, é a ação conjunta da preservação da saúde pública e da economia que permitirá que tenhamos o melhor dos cenários pós pandemia, um comportamento econômico em V, o que está acontecendo exatamente agora na China. É a presença forte e efetiva de ambos fatores, controlar e desacelerar a disseminação e promover medidas de contenção do vírus, bem como mitigar os potenciais danos econômicos por meio de medidas protetivas de política econômica via Estado, que pode resultar em uma retomada mais rápida como na Figura 1.



comportamento econômico em V



Ou seja, não há um trade-off entre saúde e economia em jogo. É preciso trabalhar efetivamente nas duas frentes para que os impactos sejam rapidamente superados.

No entanto, se há um médio ou fraco controle de disseminação e de medidas de contenção da COVID-19, mesmo embora haja uma adoção efetiva de medidas político-econômicas pelo Estado, teríamos o comportamento econômico em U, cuja retomada econômica demoraria mais e os efeitos seriam sentidos principalmente com o fechamento de negócios e dificuldade de manutenção do consumo pelas famílias, conforme a Figura 2.

comportamento econômico em U

O pior dos cenários é o comportamento econômico em L. É o que aconteceu durante a grande recessão americana, que levou 10 anos para se recuperar completamente pós crise. Esse comportamento pode acontecer caso as medidas de contenção do vírus falhem e a doença continue a espalhar pelo país e as políticas econômicas sejam fracas e incapazes de desacelerar os prejuízos econômicos, como na Figura 3.

comportamento econômico em L



Tudo é incerto com forte dependência de como o vírus irá se espalhar. No entanto, a força das medidas de contenção é um dos fatores que influenciam diretamente o formato das curvas. Uma das medidas é o isolamento que depende de cada um de nós. As políticas econômicas estão sendo apresentadas. Serão suficientes? Não sabemos ainda. Que curva queremos, V, U ou L?

Alethéia Ferreira da Cruz é professora adjunta da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal de Goiás (UFG)

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG





14/04/2020

Embrapa abre inscrições para o primeiro curso on-line de Hortas em Pequenos Espaços


Foto: Henrique Carvalho
Encontram-se abertas as inscrições para mais um curso sobre Hortas em Pequenos Espaços: a partir de hoje, 13/04, os interessados em seguir os passos para ter uma horta no ambiente doméstico devem acessar a plataforma e-Campo (acesse aqui), ferramenta que traz todas as informações sobre os cursos que vêm sendo disponibilizados pela Embrapa. O curso é autoinstrucional, ou seja, não há tutoria.

Tendo em vista as mudanças provocadas pelo isolamento social, que estão a exigir novos olhares em direção ao cotidiano nosso de cada dia, a Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) oferece essa alternativa para quem já pensou nessa possibilidade, mas não levou adiante “por falta de tempo”, e também como forma de chamar a atenção para uma atividade que envolve os cuidados com a alimentação e a saúde – física e mental.

“O curso tem como principal diferencial - com relação a outros cursos com a mesma temática já promovidos pela Unidade - o fato de ser on-line, construído na modalidade EaD (Educação a Distância), viabilizada por meio do computador e dispositivos móveis com acesso à internet. E com a vantagem de deixar as pessoas escolherem o melhor dia e horário para acessar o conteúdo, já que ficará disponível por tempo indeterminado na plataforma”, destaca o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia Henrique Carvalho.

A ideia de disponibilizar o curso sobre Hortas em Pequenos Espaços, segundo ele, considerou o crescente interesse manifestado pelas consultas ao SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão) da Embrapa Hortaliças, nas quais o cultivo de hortaliças em casa está entre os mais demandados, notadamente nesses últimos meses.

“O curso vai oportunizar a essas pessoas que têm solicitado informações sobre essa prática as informações sobre o aproveitamento de espaços vazios de corredores, varandas, sacadas, quintais e até janelas para produzir alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos e que também constituem uma ótima ocupação para a mente”.

Processo

Dividido em quatro módulos, o curso on-line traz as informações básicas que vão auxiliar nas diferentes etapas de plantio, condução e manutenção de hortas em espaços urbanos reduzidos, com explicações sobre como interagem os diferentes fatores associados à produção de hortaliças, como solo, planta, água e luz adequados. A questão dos nutrientes presentes nas hortaliças e a sua importância para uma vida saudável também faz parte da abordagem, complementada por receitas que vão contribuir para diversificar os pratos e enriquecer as refeições.

“Cultivar temperos como salsa, coentro e cebolinha, ou folhosas como alface, rúcula e agrião não é, em resumo, privilégio de moradores da zona rural”, acentua Carvalho. “Com uma linguagem simples e direta, o curso irá mostrar que a produção e o consumo seguro de hortaliças estão ao alcance de todos”.

Dúvidas sobre o curso podem ser enviadas para o e-mail cnph.chtt@embrapa.br

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

Contatos para a imprensa
hortalicas.imprensa@embrapa.br


Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)




Veja também:

ABC da Agricultura Familiar: Como Plantar Hortaliças


Esta coleção é destinada ao pequeno produtor e contém valiosas instruções sobre o trabalho no campo, abordando os temas mais comuns para o deu dia-a-dia, que são: a criação de animais, técnicas de plantio, práticas de controle de pragas e doenças, adubação alternativa e fabricação de conservas de frutas, as instruções mostram como otimizar a atividade rural. As pequenas cartilhas são elaboradas em linguagem simples e objetiva, cujas informações permitirão aos produtores diminuir os custos, aumentar a produção e melhorar a qualidade dos alimentos produzidos, criar outras fontes de renda e agregar valor aos seus produtos. Nesta cartilha o produtor saberá como plantar hortaliças, fazer canteiros,

13/04/2020

USP vai testar milhares de fármacos para tratar o novo coronavírus


Foto: Marcos Santos/USP Imagens


Em parceria com farmacêuticas, Instituto de Ciências Biomédicas testa medicamentos já existentes, o que pode agilizar a descoberta de um tratamento para a covid-19



O Laboratório Phenotypic Screening Platform, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, começou no dia 30 de março a testar medicamentos para combater a covid-19. Referência mundial em triagem fenotípica para reposicionamento e descoberta de novos fármacos, o grupo possui uma parceria com a Eurofarma, que cedeu sua biblioteca de cerca de 1.500 fármacos para a pesquisa. Além disso, a equipe vem firmando novas parcerias com outras farmacêuticas para a triagem dos medicamentos já comercializados no Brasil, e também para testar produtos para a prevenção da covid-19 em desenvolvimento por startups brasileiras.


Segundo Lucio Freitas-Junior, coordenador do laboratório, a técnica de triagem fenotípica consiste em avaliar a atividade antiviral de compostos em células infectadas com o SARS-CoV-2, em testes in vitro. As células são colocadas em placas de ensaio e cada uma recebe diferentes compostos. As análises são feitas de modo automatizado, com a tecnologia High Content Screening, que permite analisar dezenas de milhares de fármacos simultaneamente toda semana. O pesquisador estima que em cinco semanas o grupo já terá os resultados dos testes de mais de 2.500 compostos, e a partir desse momento será possível testar até 4 mil compostos por semana.
Lucio Freitas Junior – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

As moléculas estudadas são fármacos já aprovados para o tratamento de outras doenças e produzidos em território brasileiro. “A grande vantagem é agilizar o processo de descoberta de um tratamento. Um medicamento pode levar até dez anos para ser produzido, testado e aprovado. Nós não temos esse tempo. Precisamos agir agora”, explica o pesquisador.

Por se tratar de um vírus que causa doença potencialmente letal e para o qual ainda não existem vacinas ou tratamento específico, o estudo de triagem fenotípica é desenvolvido no Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3) do Departamento de Microbiologia, coordenado pela professora Ana Marcia Sá Guimarães. A equipe de Freitas-Junior já foi treinada para atuar no laboratório de alta segurança.
Foto: Herton Escobar/USP Imagens

O projeto foi possível graças ao cultivo do novo coronavírus feito pelo grupo do pesquisador Edison Luiz Durigon, também do ICB, que recebeu amostras dos primeiros pacientes infectados no final de fevereiro, enviadas pelo Hospital Albert Einstein. “Nós temos o vírus sendo produzido na quantidade necessária para as triagens, o laboratório NB3 e a equipe altamente especializada em descoberta de fármacos e triagem fenotípica, que é uma tecnologia muito específica. Esses são os nossos três pilares”, destaca Freitas-Junior.
Edison Luiz Durigon – Foto: Ciência USP via Youtube















A iniciativa se destaca pela participação de diversos especialistas em diferentes áreas de conhecimento que estão trabalhando juntos para a descoberta de antivirais para covid-19 – como Luís Carlos de Souza Ferreira, diretor do ICB, e os virologistas Edison Luiz Durigon e Paolo Zanotto. Também participam do estudo Carolina Borsoi Moraes, especialista em triagem fenotípica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de pesquisadores do Instituto de Física e do Instituto de Química de São Carlos (IFSC e IQSC) da USP, e a Universidade de Campinas (Unicamp).


Além disso, o grupo do ICB vem recebendo compostos para triagem de diversos grupos de todo o Brasil e faz parte de consórcios internacionais que buscam novos fármacos para tratamento da covid-19. “Também é missão da Universidade atuar junto à sociedade para atender a demandas de saúde. Por isso, a plataforma de triagem fenotípica do ICB busca estabelecer parcerias com grupos de pesquisa do Brasil e do exterior, bem como empresas nacionais e internacionais, para o teste de novos candidatos a fármacos e de produtos destinados à prevenção da covid-19 e outras doenças virais”, afirma Freitas-Junior.



Intervenções em outras epidemias


O grupo de Lucio Freitas-Junior é um dos líderes mundiais na área de triagem fenotípica para doenças negligenciadas e há cerca de 15 anos se dedica ao descobrimento de fármacos para malária, leishmaniose, doença de Chagas e dengue, além de doenças emergentes, como chikungunya e zika. O pesquisador trabalhou durante oito anos no Instituto Pasteur da Coreia do Sul e liderou o Center for Neglected Diseases Drug Discovery, onde as triagens fenotípicas foram desenvolvidas pela primeira vez para diversas dessas doenças.

Durante o surto da febre amarela em 2016, em São Paulo, seu laboratório descobriu que um remédio usado contra hepatite C era eficiente no tratamento da doença. O fármaco chegou a obter sucesso em testes em pacientes no Hospital das Clínicas. O grupo também já identificou fármacos capazes de destruir o vírus da chikungunya em testes in vitro, além de ter identificado fármacos para reposicionamento para tratamento da zika, em um trabalho pioneiro em todo o Brasil.
Com informações de Aline Tavares / Acadêmica

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Lições da Covid-19: solidariedade escondida nos seres humanos

Covid-19, Solidariedade, Lições, Pandemia, Vírus, RNA
Isaac Roitman é doutor em Microbiologia, professor emérito da Universidade de Brasília, coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro (n.Futuros/CEAM/UnB), membro tiular de Academia Brasileira de Ciências. Ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB, ex-diretor de Avaliação da CAPES, ex-coordenador do Grupo de Trabalho de Educação, da SBPC, ex-sub-secretário de Políticas para Crianças do GDF. Autor, em parceria com Mozart Neves Ramos, do livro A urgência da Educação.


Isaac Roitman



Covid-19 é um vírus RNA (ácido ribonucleico) com alta capacidade de mutação e transmissão. Os vírus são seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), podem ser observados somente através da microscopia eletrônica e são formados basicamente por uma cápsula proteica envolvendo o material genético. Os vírus só se desenvolvem parasitando uma célula utilizando o sistema de reprodução de seu hospedeiro.

Recentemente, a epidemia provocada pela Covid-19, que se iniciou na China, transformou-se em pandemia que está se espalhando com grande velocidade em todos os continentes, modificando hábitos e comportamentos, provocando pânicos econômicos, abalando as estruturas sociais que provavelmente terão a duração de alguns meses. O planeta está em alerta. Certamente, com medidas adequadas – isolamento social – e os avanços científicos – vacinas – voltaremos à normalidade.


Vale a pena assinalar que um ser extremamente simples, um vírus, pode provocar tremendas consequências à espécie mais complexa da natureza, o ser humano. Sob o ponto de vista biológico, esses extremos têm interações profundas, revelando as interdependências absolutamente importantes e vitais na natureza. Não é a primeira vez que uma pandemia provoca uma inflexão nos costumes da humanidade. Esses registros podem ser conhecidos na obra de Stefan Cunha Ujvari: A história da humanidade contada pelos vírus (Editora Contexto).

A Covid-19 surge em um momento difícil e preocupante para a civilização humana. O cenário é triste. Boa parte dos seres humanos vivem em condições miseráveis, um contingente enorme de desnutridos, desigualdades sociais vergonhosas, prevenção e assistência à saúde inadequadas, migrantes tratados como animais, guerras abomináveis, culturas ancestrais em extinção, atitudes sem ética, violência desenfreada, uso não racional dos recursos naturais, poluição crescente, aceleração das mudanças climáticas etc.

Sem diminuir a importância das ações e as consequências da pandemia provocada pela Covid-19, gostaria de compartilhar algumas reflexões com os leitores. Sendo o índice de mortalidade maior nas pessoas com mais idade, as políticas públicas para a velhice voltaram à tona. Que bom.

O isolamento social, que estamos iniciando e que será longo, certamente proporcionará momentos ímpares para a reflexão familiar e individual. A ausência em reuniões sociais, em eventos culturais, esportivos e outros serão substituídos por momentos de reflexão sobre o passado, o presente e o futuro de cada um de nós e de todos. Será um verdadeiro retiro. Essas reflexões poderão indicar como podemos nos transformar e agir para que todos possamos ter uma vida virtuosa.

A interrupção das atividades escolares, sem dúvida, causará atrasos na aprendizagem, que poderão ser recuperados posteriormente. No entanto, para aquelas crianças cuja refeição na escola é a mais importante do dia, o dano será imediato. A iniciativa de ser fornecido diariamente um kit de alimentação para essa criança é uma proposta positiva. Quem sabe, poder-se-ia pensar em fornecer um kit alimentação para toda a família.

Uma ação semelhante poderia ser pensada aos trabalhadores que obrigatoriamente serão afastados e ficarão isolados durante a crise. As camadas sociais mais vulneráveis serão atingidas. Que bom se começarmos a pensar e introduzir ações para minimizar o sofrimento dos que tem menos. Essa cultura humanitária poderia persistir após a crise.

Hoje tomei conhecimento que jovens no Brasil e no exterior se dispõem de forma espontânea a auxiliar as pessoas com mais idade a fazerem compras em um supermercado ou farmácia. Que beleza. Isso demonstra quanta bondade e solidariedade existem escondidas nos seres humanos.

Assisti a um vídeo, gravado na Itália, onde as pessoas nas janelas ou nas varandas cantam juntos. Essas pessoas, provavelmente, devido à correria desenfreada na cultura ocidental, mal se cumprimentavam. O isolamento social construindo pontes sociais. Que maravilha.

Sem ter a mínima vocação de ser profético, existe uma real possibilidade de termos uma inflexão positiva nas relações humanas provocadas pela Covid-19. Apesar da dor e do sofrimento de muitos, aprenderemos muito com a pandemia que atravessamos. Quando essa tempestade terminar teremos a perspectiva de um mundo melhor e mais justo. Oxalá.


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Publicado originalmente em Monitor Mercantil em 18/3/2020


12/04/2020

COVID-19: percepção, opinião, comportamento e hábitos de consumo

O IBOPE Inteligência iniciou um monitoramento da população brasileira conectada para compreender o contexto atual do país e o seu impacto no comportamento dos brasileiros.

Confira no infográfico abaixo os resultados:
COVID-19, percepção, opinião, comportamento e hábitos de consumo



09/04/2020

Plataforma conecta cientistas para doação de reagentes


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Foto : Cecília Bastos/USP Imagens










Rede criada por pesquisadores da USP permite que cientistas de todo o Brasil compartilhem insumos essenciais em meio à pandemia de coronavírus


Por Herton Escobar


Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma plataforma digital para o compartilhamento de insumos essenciais, que está se mostrando valiosa para abastecer laboratórios engajados no enfrentamento do novo coronavírus. Lançada no início de março, a SociaLab funciona como uma rede social de laboratórios, que cientistas podem usar para compartilhar reagentes e células uns com os outros, de forma gratuita.

O objetivo é atacar um dos problemas mais crônicos e debilitantes da ciência brasileira: a dificuldade para a obtenção de reagentes básicos de pesquisa, por conta do alto preço, do excesso de burocracia e da demora que isso gera para o recebimentos desses insumos, que são praticamente todos importados.

É um gargalo que reduz a competitividade da ciência brasileira como um todo e pode inviabilizar completamente um projeto de pesquisa — especialmente em universidades menores, onde o acesso a recursos, equipamentos e materiais é ainda mais restrito. Não são raros os casos de projetos que precisam ser adiados ou descontinuados por falta de um ou outro “ingrediente”, sem o qual é impossível realizar os experimentos necessários.

Uma enquete realizada com 220 usuários da plataforma indica que 28% dos pesquisadores já desistiram de realizar experimentos por falta de reagentes, linhagens celulares ou outro material biológico. Outros 28% relataram já ter esperado até seis meses para obter os insumos necessários.
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Enquete com usuários da plataforma SociaLab – Imagem: Reprodução


No caso do coronavírus, a plataforma está sendo usada para facilitar a localização de insumos essenciais para o escalonamento dos esforços científicos de combate à epidemia. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que estão na linha de frente desse esforço, usaram o sistema nos últimos dias para encontrar reagentes que são indispensáveis para a realização dos testes moleculares de identificação do vírus, mas que estão em falta no mercado mundial, em função da demanda imposta pela pandemia.

“Estamos olhando com muito otimismo para essa iniciativa”, diz o pesquisador e diretor do ICB, Luis Carlos de Souza Ferreira. “Vejo como algo estratégico para a ciência brasileira.”

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Luis Carlos de Souza Ferreira, pesquisador e diretor do ICB – Foto: Marcos Santos/USP Imagens



Funciona assim: imagine que o experimento científico é uma receita de bolo, que os reagentes são os ingredientes necessários para executar essa receita, e que praticamente todos esses ingredientes são importados, caríssimos (ainda mais agora, com a alta do dólar) e costumam demorar semanas para serem entregues. Agora, imagine que você precisa preparar um bolo que leva um fermento especial, importado da Suíça, mas que está em falta no mercado (ou não cabe no seu orçamento).


Você, então, lança um apelo na SociaLab: “Preciso de X gramas de fermento especial”. O sistema vasculha os inventários dos laboratórios cadastrados na plataforma para identificar se alguém tem um pouco dessa farinha disponível, e manda uma mensagem privada para essa pessoa, perguntando se ela aceita doar uma xícara para você. Se a pessoa aceitar, o sistema coloca vocês dois em contato, e segue o jogo. Se a pessoa não aceitar, tudo bem, ninguém fica sabendo de nada.

Tudo automatizado, tudo gratuito. O único gasto é com a postagem do material, que fica por conta de quem solicitou a doação. A plataforma já tem mais de 50 laboratórios cadastrados, em mais de 20 Estados, com mais de 8 mil reagentes e 1 mil linhagens de células disponíveis para compartilhamento.


Vários dos insumos necessários para abastecer os laboratórios que estão trabalhando com o coronavírus foram encontrados dentro do próprio ICB — que tem centenas de laboratórios, distribuídos por quatro prédios da universidade. Como cada laboratório faz suas compras individualmente (de acordo com as necessidades de sua pesquisa), não há como saber “de cabeça” o que cada um tem guardado na prateleira. Mas a SociaLab sabe — desde que os inventários sejam disponibilizados na plataforma.

“Tem muita coisa guardada por aí que ninguém sabe onde está; é uma loucura isso”, diz o criador da iniciativa, Lucio de Freitas Junior, que também é pesquisador do ICB, especialista na busca de novas drogas contra doenças negligenciadas. “Aí o pesquisador gasta dinheiro público para comprar um produto que o vizinho dele tem sobrando na prateleira. Não faz o menor sentido.”

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Foto: Reprodução/SociaLab

























Ganha-ganha


O compartilhamento é vantajoso para todos os envolvidos, destaca Freitas Junior. Quem doa tem o benefício de liberar espaço no laboratório e não gastar dinheiro com o descarte de materiais subutilizados, já que esses produtos são controlados e não podem ser simplesmente jogados na lata de lixo quando o prazo de validade expira. Eles precisam ser recolhidos e descartados de forma adequada (incinerados), seguindo protocolos de biossegurança, o que gera custos para as instituições.

“Podemos reduzir muito a quantidade e os gastos com destinação de lixo nas universidades”, diz Freitas Junior.
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Lucio Freitas Junior, pesquisador do ICB USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens


Muitos experimentos requerem apenas uma quantia muito pequena de um determinado reagente; mas as embalagens vendidas pelas empresas sempre contém um volume maior do que isso. Por isso é normal sobrarem insumos nos laboratórios. Em média, segundo Freitas Junior, só 20% do volume comprado é utilizado, e 80% acaba sendo jogado fora.

Para o pesquisador, portanto, vale mais a pena doar o reagente para alguém que precisa do que ficar guardando algo que não vai ser usado, e ainda custará caro para ser descartado depois. (Sem falar no benefício coletivo do altruísmo, obviamente.)


As empresas fabricantes e importadoras dos insumos também se beneficiam, ressalta Freitas Junior, pois elas frequentemente possuem produtos em estoque, com prazo de validade próximo a vencer, dos quais precisam se desfazer com rapidez — também para evitar gastos adicionais com impostos, descarte e incineração. Além disso, podem usar a plataforma como uma ferramenta de prospecção de demanda para determinados insumos.

Nesse caso, as empresas disponibilizam produtos para doação e a SociaLab realiza sorteios para decidir quem fica com o que. A plataforma já realizou dois sorteios de insumos doados por fabricantes, que beneficiaram 23 pesquisadores, com produtos no valor de R$ 19 mil. Um terceiro sorteio está em andamento, totalizando R$ 35 mil em produtos. Quatro empresas do setor são patrocinadoras da plataforma.







08/04/2020

Em tempos de pandemia de Covid-19 contribua para o projeto de doação de alimentos da Escola de Agronomia da UFG

"Alimentos em ação" encaminha as doações para comunidades goianas




Em tempos de pandemia, a empatia pode tomar várias formas e ações voluntárias de auxílio ao próximo, que são extremamente relevantes e contribuem não só para o bem estar de quem as recebe, mas, também, de quem as executa. Pensando nisso, o Projeto Alimentos em Ação, uma parceria do Programa de Educação Tutorial (PET EngAli) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA) da UFG, já doou produtos para 80 famílias da Comunidade Recantinho, no Setor Recanto das Minas Gerais, em Goiânia. 

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Projeto de doação de alimentos da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás

Sob a orientação das docentes Adriana Régia Marques de Souza e Tatianne Ferreira de Oliveira, já foram produzidos, nos laboratórios do Setor de Engenharia de Alimentos da Escola de Agronomia da UFG, 100 marmitas, além de sequilhos e pão doce, distribuídos na forma de kits, juntamente com um suco. 

As matérias primas utilizadas nessa primeira etapa foram doadas pela Escola de Agronomia, mas, para dar continuidade ao Projeto, serão necessárias novas doações. A ideia é atender mais duas comunidades: Escola Municipal Terra Prometida (Aparecida de Goiânia) e Setor Continental/Terra do Sol (antigo lixão), levando mais alegria e esperança para as crianças destas comunidades. 

Se você puder contribuir com algum tipo de doação, por favor, entre em contato com as Professoras Adriana Régia (62 99273-6003) ou Tatianne Ferreira (62 98502-1255).

Fonte: Escola de Agronomia




07/04/2020

Combate à pandemia: O desafio de obter reagentes para produzir testes


Fotomontagem: jornal.usp.br sobre imagens Pixel

A enorme demanda mundial leva fornecedores a priorizar os mercados norte-americano e europeu. Rede USP para o Diagnóstico da Covid-19 se articula com governo estadual para contornar problema.



Por Redação (Jornal da USP)


Aobtenção de reagentes básicos para fazer os testes de diagnóstico molecular da covid-19 é um dos desafios no combate à epidemia no Brasil. “No momento, há uma enorme demanda mundial para a aquisição dos insumos necessários ao teste de PCR em tempo real para a detecção da covid-19. Existem poucos fornecedores, todos do exterior, que priorizam a entrega de insumos para os mercados americano e europeu. Espera-se que a negociação em bloco para a aquisição de insumos pela Secretaria de Saúde (do Estado de São Paulo) deva facilitar as negociações com os fornecedores”, diz o segundo comunicado da Rede USP para o Diagnóstico da Covid-19 (RUDIC), divulgado na quinta-feira, 2 de abril.

A RUDIC é constituída por cinco centros da USP voltados para a realização dos testes de diagnóstico molecular para covid-19 no Estado: dois na capital, um em Ribeirão Preto, um em Bauru e outro em Pirassununga. Quem coordena a Rede é o professor Roger Chammas, titular da Faculdade de Medicina (FMUSP), com a vice-coordenação de Luís Carlos de Souza Ferreira, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Segundo o comunicado, “os testes moleculares se baseiam na detecção, por reação de PCR em tempo real, do material genético do vírus e, consequentemente, permitem a identificação de indivíduos portadores do vírus”. Essa informação é crucial, particularmente neste momento, para o enfrentamento da epidemia, pois permite, de acordo com o comunicado: 


1. a identificação de indivíduos infectados sintomáticos. Isso permite que eles recebam o tratamento adequado e as precauções necessárias para evitar a disseminação da infecção, particularmente, no ambiente hospitalar;

2. a identificação de indivíduos infectados assintomáticos. Desta maneira, pessoas que contraíram o vírus, mas não apresentam sintomas, sejam identificadas e encaminhadas para isolamento evitando, dessa forma, o espalhamento da infecção;

3. o monitoramento da infecção em funcionários de saúde em hospitais e unidades de pronto atendimento;

4. no caso de óbito, o exame possibilita a confirmação da infecção pelo coronavírus e, com isso, auxilia parentes nas precauções a serem tomadas para o enterro.


Ainda segundo comunicado da RUDIC, “foi feito o levantamento das condições para a realização de testes moleculares assim como levantamento das demandas para que os grupos possam atingir a meta proposta de um mínimo de 45 mil testes/mês. No momento, as equipes têm condição reduzida para realizar os testes em função da falta de insumos necessários à realização dos ensaios. A capacidade atual de resposta imediata dos grupos é inferior a 5 mil testes. 

Foram feitos contatos diretos com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para a obtenção de recursos para a rede e a compra centralizada dos insumos para a realização dos testes.

Leia a íntegra do comunicado: Rede USP para Diagnóstico da Covid-19 (RUDIC)
Máquina de PCR e kit de reagentes para diagnóstico – Foto: SPPU


Testes rápidos


Os chamados “testes rápidos” que estão sendo comprados pelo Ministério da Saúde, segundo Luís Carlos Ferreira, são importantes para monitorar o espalhamento do vírus na população.

Apesar de serem de execução rápida — o resultado sai em apenas alguns minutos —, esses testes identificam apenas a presença de anticorpos no sangue do paciente, e não o próprio coronavírus. Ou seja, eles detectam uma resposta imunológica que já foi montada pelo organismo da pessoa após a exposição ao vírus. Essa resposta só surge alguns dias após a infecção (num período que pode variar de 7 a 10 dias após a infecção, dependendo do paciente e da sensibilidade do teste); o que significa que, para a maioria dos que tiverem resultado positivo, já não haverá mais riscos de transmissão do vírus para outras pessoas. 


“A resposta imunológica é uma informação epidemiológica importante, mas que não ajuda a combater a epidemia”, explica Ferreira. “A grande maioria das pessoas que testarem como positivo já não terão mais o vírus.”


Para Ferreira, a falta de reagentes para testes moleculares “mostra como o desenvolvimento de um parque tecnológico baseado em ciência é estratégico para qualquer nação”. Países que desenvolvem pesquisas que resultam em tecnologias incorporadas por empresas, como China e Coreia do Sul, que são auto-suficientes para esses insumos, sofreram bem menos com o gargalo de reagentes. “Precisamos de um parque industrial tecnológico que nos garanta autonomia em várias áreas; e a área da saúde é uma delas.”


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USP vai testar milhares de fármacos para tratar o novo coronavírus

Foto: Marcos Santos/USP Imagens Em parceria com farmacêuticas, Instituto de Ciências Biomédicas testa medicamentos já existentes,...