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22/12/2020

UFG pode auxiliar no armazenamento de vacinas da Covid-19



Vacinas de RNA mensageiro exigem temperaturas de -70ºC. A UFG pode armazenar mais de 600 mil vacinas


O reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira anunciou que a universidade poderá auxiliar o governo do Estado de Goiás no armazenamento de vacinas da Covid-19 fabricada pela PFizer com base no RNA mensageiro que exigem uma refrigeração de -70ºC. Esta é a vacina que já está sendo aplicada em países como Reino Unido e EUA.

Hoje a UFG possui mais de 20 refrigeradores em diversas unidades acadêmicas que armazenam amostras de pesquisa, como Instituto de Saúde Pública e Patologia Tropical (IPTSP), Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Escola de Agronomia, Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Instituto de Química (IQ), entre outros . O reitor informou que até o momento a UFG poderia armazenar 600 mil doses da vacina, mas os pesquisadores estão fazendo um esforço de remanejamento das amostras avaliando a possibilidade de ceder mais espaços para auxiliar na vacinação dos goianos. 

O ultrafreezer utiliza um gás diferente que permite chegar a temperaturas de até - 80ºC. O reitor da UFG informou que está em contato com o governador e com a Secretaria Estadual de Saúde. Veja abaixo o vídeo com um dos ultrafreezers da UFG que está no IPTSP (Rede Goiana de Pesquisa em Tuberculose).







URL disponível em: https://www.ufg.br/n/137233-ufg-pode-auxiliar-no-armazenamento-de-vacinas-da-covid-19


Fonte: Secom UFG

30/11/2020

História do Câmpus Samambaia: o início de um sonho que deu certo

 Instalada em uma antiga fazenda de 250 hectares, a Escola de Agronomia e Veterinária preparou o terreno para abrigar a cidade universitária



Luciana Santal

Em 14 de outubro de 1966, Humberto Castello Branco assinava a Lei nº 5.139, que criou a Escola de Agronomia e Veterinária (EAV) na Universidade Federal de Goiás 

(UFG). Mas esse ato assinado em Brasília pelo presidente não é o início dessa história. Data de 1945 a primeira tentativa de se ter uma escola voltada para atividades agropastoris, tão propícias num estado como Goiás e seus recursos hídricos, climáticos e tipográficos (cerrado). Joaquim Machado de Araújo, interventor federal em Goiás nesse período, elaborou estatuto, plano e programa para uma Escola Superior de Agricultura em Goiás, mas nenhum dos três saiu do papel. 



No mesmo ano, o Ministério da Agricultura recebeu do governo estadual a doação de uma área de 250 hectares: a Fazenda Samambaia. No local, havia sido construída a Escola Agrotécnica de Goiânia, com o objetivo de formar técnicos agrícolas de 2º grau. Por falta de recursos, a instituição deixou de funcionar. Mais de 15 anos depois, já em 1962, o reitor da UFG, Colemar Natal e Silva, ciente dessa situação, solicitou ao Ministério da Agricultura que transferisse a escola para a universidade. Em 24 de outubro, mesma data do aniversário de Goiânia, um decreto presidencial oficializou a transferência. 

Também em 1962, com o intuito de se pensar em duas escolas, uma de Agronomia e outra de Veterinária, foi criado um grupo de trabalho composto por agrônomos e veterinários. A ideia era utilizar as instalações da antiga Escola Agrotécnica de Goiânia para sediar os projetos. Os cursos foram autorizados a funcionar em 30 de janeiro de 1963, mas as escolas não. Os primeiros vestibulares não foram atrativos, pois as instalações eram precárias, faltava laboratórios e não havia professores e funcionários em número suficiente. Somava-se a isso a distância do centro da cidade: para chegar até lá, quando tinham sorte, os alunos subiam na carroceria de um caminhão; mas quando chovia, o atoleiro os obrigava a continuar o percurso a pé. 

Quem descreveu essa rotina para a Revista Afirmativa da UFG Nº 3 foi o aluno da 2ª turma da EAV e também ex-coordenador do curso de Agronomia, Ney Lima. Um colega seu, José Xavier de Almeida, Professor Emérito da UFG, conta que se deflagrou uma greve em 1964 para que houvesse um ônibus para transportar os alunos até a instituição. Nas palavras de José Xavier, o êxito da greve trouxe não só alegria, mas também condições de continuidade das atividades dos cursos. Foi só em 1966, como dito acima, que uma lei federal confirmou a criação não de duas escolas, como queria o grupo de trabalho, mas da Escola de Agronomia e Veterinária, formada pela incorporação dos dois cursos já existentes na UFG. 

Mas a unificação veio carregada de uma vontade de seguir com o projeto original, como afirmou o professor aposentado da Veterinária, Peter Fisher. Em 1981, membros da EAV, das instâncias superiores da UFG e o Conselho Federal de Educação aprovaram, por unanimidade, a criação das duas escolas. Contribuíram para essa decisão a melhoria na captação de recursos para as unidades e a necessidade de enquadrar os dois cursos em suas respectivas áreas de conhecimento: Agronomia – Ciências Exatas e Veterinária – Ciências Biológicas. Em 29 de dezembro, o Ministério da Educação legitimou a cisão.

Câmpus Samambaia – Enquanto a EAV seguia sozinha na antiga Fazenda Samambaia desde 1964, a UFG crescia na região do Setor Universitário, mas de forma dispersa, por vezes, improvisada, e em prédios inadequados. Uma comissão de arquitetos e engenheiros de Goiás avaliou, com base em projeções do crescimento da demanda de cursos superiores, que a UFG precisaria de mais espaço para crescer. Apesar de existir, no Plano Diretor da capital daquela época, a previsão de um setor universitário para as Universidades Católica e Federal, a região não oferecia condições para abrigar o câmpus. O principal encarregado do estudo e professor aposentado da Escola de Engenharia da UFG, Irineu Borges do Nascimento, explicou que as unidades da UFG que já funcionavam no local não se comunicavam entre si e, ao defender a criação do novo câmpus na Fazenda Samambaia, alegou que a obra iria garantir maior integração entre as escolas.
Projeto arquitetônico para o Câmpus Samambaia idealizado na década de 1970

Em visitas aos câmpus universitários de algumas cidades brasileiras, Irineu buscou inspiração para o seu projeto, que ficou muito próximo do que ele pode ver na Universidade de Brasília (UnB). As construções começaram em maio de 1971 e, no ano seguinte, já eram inauguradas as obras de estrutura dos sete primeiros blocos. Em 1973, as primeiras unidades foram instaladas no novo câmpus: o Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), pioneiro; Instituto de Matemática e Física (IMF); Instituto de Química e Geociências (IQG) e Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Já a Reitoria, a Biblioteca e uma extensão do Restaurante Universitário foram para lá um pouco mais tarde, em 1977.

Confira matéria do Jornal UFG de 2009 produzida pela repórter Patrícia da Veiga sobre o Câmpus Samambaia.

Leia mais sobre a história do Câmpus Samambaia na Revista UFG Afirmativa nº 3

URL disponível em: https://jornal.ufg.br/n/136337-historia-do-campus-samambaia-o-inicio-de-um-sonho-que-deu-certo

Fonte: Secom UFG

30/10/2020

5 sites e aplicativos confiáveis para ganhar dinheiro respondendo pesquisas

 


Os sites e aplicativos permitem aproveitar o tempo livre e ainda conseguir uma renda extra, a partir de cadastros gratuitos, sem sair de casa para alcançar um objetivo específico. 

No presente artigo você vai conhecer 5 sites e aplicativos para ganhar dinheiro respondendo pesquisas, quais sejam: 


1) PiniOn

2) Toluna

3) Streetbees

4) Google Opinion Rewards

5) Surveytime



A seguir apresentaremos de forma resumida as principais características de cada um. 


1) PiniON

PiniOn





Com o aplicativo PiniOn é possível realizar Pesquisa, respondendo perguntas sobre marcas, produtos e serviços, diretamente pelo seu celular ou computador, onde quer que você esteja.

O PiniOn permite também realizar Monitoramento, identificando produtos em pontos de venda como farmácias e supermercados, compartilhando informações sobre preços, comunicação e concorrência.

O aplicativo ainda possibilita executar tarefa como Cliente Oculto, realizando uma experiência de compra em uma loja ou restaurante, compartilhando sua impressão sobre diversos fatores como atendimento, serviço e ambiente.

É possível sacar seu saldo no PiniOn tanto via transferência bancária (a partir de R$ 30,00), como por transferência Paypal (valor mínimo de R$ 20,00).

O uso contínuo do GPS pode reduzir a duração da bateria.

O PiniOn pode ser baixado no Google Play ou na App Store


2) Toluna

Toluna


A Comunidade Global do Painel Toluna possui mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo. 

Em Toluna Influencers você pode responder pesquisas, participar da comunidade e concorrer às loterias diárias. Ganhe pontos que podem ser trocados por recompensas da sua escolha. Quanto mais você participa, mais você ganha. 

As pesquisas podem ajudar empresas a fornecer e melhorar seus serviços e produtos. Toluna é uma plataforma de pesquisas de mercado e opiniões, além de uma rede social, uma ferramenta de diversão e interação. 

Toluna Influencers permite escolher a forma de receber seus pagamentos, seja em dólar pelo PayPal, em vales-presente, além de contar com prêmios sorteados diariamente. 



3) Streetbees

Streetbees


O Streetbees possibilita que o usuário compartilhe momentos da sua vida cotidiana e receba até R$ 5 para cada vez que você fizer isso. Desde passatempos, lanches, até as tecnologias que usa. 

Como funciona: 

Baixe o app no Google Play, crie uma conta para tornar-se “uma abelha”. 

As pesquisas são chamadas de histórias e para completar uma história leva em torno de 1 a 5 minutos, que envolvem desde enquetes rápidas de opinião a respostas divertidas em fotos e vídeos. 

Dependendo da história, você pode receber até R$ 5 ou participar do sorteio de um prêmio. O pagamento é enviado diretamente à sua conta do Paypal. 

Todas as atividades do usuário no app são privadas e tudo o que ele conta permanece totalmente confidencial. 


4) Google Opinion Rewards

Google Opinion Rewards


Trata-se de um aplicativo de pesquisas rápidas do Google. Instalando o Google Opinion Rewards no seu smartphone, receberá pesquisas e poderá ganhar crédito no Google Play. 

Sempre que tiver uma pesquisa disponível, o aplicativo enviará uma notificação. Participando das pesquisas, você ganha créditos para ser usado no Google Play. 

As pesquisas são enviadas aproximadamente uma vez por semana, embora a frequência possa variar. 


Baixe o app no Play Stores


5) Surveytime


Surveytime


Depois de se cadastrar no Surveytime, responda a algumas perguntas para ajudar a plataforma a criar o seu perfil, e após serão oferecidas pesquisas que correspondam aos seus interesses. Em seguida, você poderá começar a responder e ganhar US $ 1 para cada uma que concluir com sucesso. 

Há diferentes vales-presentes disponíveis para cada país. Por exemplo, nos EUA como opções são Amazon, Paypal, Target e Decathlon. Depois de escolher a sua recompensa, você segue as instruções que a Surveytime lhe enviará um e-mail de confirmação. Essas instruções variam conforme a recompensa escolhida. 

Novas pesquisas são enviadas por mensagem de texto, e-mail e notificações pelo navegador (você pode ativar essas opções enquanto responde às nossas perguntas iniciais), ou você pode conferir o site da Surveytime para ver as novas pesquisas que são oferecidas.


Mesa Digitalizadora CTL472 One By Wacom Redwood

Mesa digitalizadora One by Wacom para desenho digital, edição de fotos, personalizar os documentos, criar a sua própria arte ou apenas adicionar mais diversão para qualquer coisa que você faz no seu PC ou Mac.



07/10/2020

UFG desenvolve plataforma para correção de redações na rede estadual




Ferramenta tem capacidade de corrigir textos em minutos e auxiliar estudantes na preparação para o Enem


Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg




Implantado numa parceria do Governo de Goiás com a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) entrega, até o final deste ano, uma plataforma de correção automática e de ensino de redação desenvolvida a partir da inteligência artificial. A ferramenta vai auxiliar os alunos da rede pública de ensino na preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Ligado à UFG, por meio do Instituto de Informática, o Ceia foi criado em 2019, com apoio do governo estadual, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi). O objetivo é impulsionar descobertas científicas e encontrar soluções tecnológicas para que Goiás acompanhe a transformação que vem ocorrendo no mundo.

O diretor do Ceia e orientador do projeto da plataforma, professor doutor Anderson da Silva Sores, destaca que “a parceria para a concepção do Centro de Excelência em IA foi essencial para viabilizar soluções tecnológicas que auxiliem a resolver problemas comuns aos cidadãos. Foi possível evoluir pesquisas que careciam de apoio e suporte de modo a implantá-las em ambientes que as pessoas possam usufruir. A correção automática de redação é um claro exemplo nesse sentido”.

“É importante ressaltar que a ferramenta de IA para correções de redações não vem para substituir o professor, ela vem para auxiliá-lo e permitir que ele tenha mais tempo para se dedicar aos alunos e nos seus pontos fracos na produção de textos”, comenta o presidente da Fapeg, Robson Vieira.

A plataforma está em fase de testes de aceitação e adequação para os alunos, professores e gestores da rede pública, para que o projeto seja expandido, posteriormente, para toda a rede. “Temos capacidade de corrigir os textos de todos os alunos da rede pública e entregar as correções automatizadas no prazo de minutos”, diz Júlio Sousa, do curso de Sistemas de Informação, da UFG, um dos coordenadores do trabalho. O projeto piloto já está em produção e é capaz de fazer avaliação de textos em escala utilizando o sistema. Inicialmente, contempla duas escolas de Goiânia: o Colégio Estadual Jardim Europa e o Colégio Estadual Murilo Braga.






Treinamento da máquina
Para fazer o treinamento do sistema, Júlio Sousa conta que foi necessário que uma determinada quantidade de redações fossem avaliadas por professores. “Esses dados foram inseridos no sistema e nesse momento foi feito o aprendizado. A partir desse ponto, a solução é capaz de avaliar quantos textos forem necessários de maneira quase instantânea e isso é feito com base nas redações que foram corrigidas inicialmente”, explica.

Diferente de outras disciplinas, redação não possui gabarito. “A ideia de utilizar inteligência artificial é exatamente fazer com que o sistema aprenda, de maneira eficiente e imparcial, com base em redações corrigidas por professores humanos a avaliar textos de forma rápida e em escala e, com isso, entregar o mais próximo de um “gabarito” para as redações”, destaca.

Além de corrigir os textos, a plataforma disponibiliza o ensino da matéria para os alunos que se preparam para o Enem. A plataforma também contribuirá na formação de professores e coordenadores pedagógicos que estarão aptos a receber treinamentos específicos para a correção das redações no modelo Enem.

Como é um sistema adaptativo, sempre precisará ser melhorado e adaptado a novos temas e a novas realidades, “então o processo de desenvolvimento é constante”, explica Júlio Sousa. Em termos de implantação, ele destaca que até o final de 2020 o Ceia terá condições de implementar o sistema em toda a rede pública de Goiás.

A correção das redações pela plataforma analisa critérios como: a compreensão do tema, o domínio da escrita formal, a defesa do ponto de vista, o uso de mecanismos linguísticos para a argumentação da proposta e o respeito aos direitos humanos, de acordo com as competências exigidas pelo Enem. Após o aluno redigir o texto na plataforma, o sistema faz a correção e atribui a nota, automaticamente. Em seguida, o professor analisa a correção junto com o aluno para que ele possa reescrever o texto e encaminhá-lo para uma nova correção.

José Adenaldo Bittencourt, engenheiro de computação e orientado do professor Anderson Soares é o criador da pesquisa de mestrado que deu origem ao projeto. Ele destaca que na redação, diferente de outras disciplinas, o fator subjetivo sempre estará presente. “Prova disso é o processo de correção feito pelo próprio Enem, em que todas as redações são corrigidas por dois professores. Se a diferença na nota final atribuída por eles for maior do que 100 pontos ou se a diferença em qualquer uma das competências for maior do que 80 pontos, a redação é enviada para um terceiro corretor. E se a nota do terceiro corretor ainda for discrepante dos dois primeiros, a redação é enviada para uma banca de três corretores para avaliação”, lembra José Adenaldo.

“A grande vantagem da ferramenta é o suporte pedagógico dá ao professor para identificar quais os pontos fortes e fracos da produção de texto dos alunos para a redação do Enem. Já para os alunos, a grande vantagem é a velocidade com que terão seus textos corrigidos e a possibilidade de corrigir seus pontos mais fracos e fazer o reenvio das redações para correção”, explica José Adenaldo. Segundo ele, o sistema foi desenvolvido inicialmente para fazer avaliação de textos utilizando o modelo de correção do Enem, porém revela que ele pode ser adaptado para outros formatos de avaliação de texto.

A plataforma foi desenvolvida no Ceia/Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás. Inicialmente, José Adenaldo Bittencourt desenvolveu a ferramenta para correção manual de redação e, posteriormente, com pesquisas no campo de inteligência artificial, sob a orientação do professor doutor Anderson Soares. O projeto teve o apoio dos estudantes Denis Masunaga (Sistemas de Informação), Jurandir Silva (Ciência da Computação) e Júlio Sousa (Sistemas de Informação), todos ligados ao Instituto de Informática da UFG.






Ceia e Governo
O secretário de Desenvolvimento e Inovação, Marcio Cesar Pereira, ressalta que a Sedi, por meio da Subsecretaria de Tecnologia da Informação, é responsável pelas inovações tecnológicas no Governo de Goiás e tem trabalhado em vários projetos em parceria com a Fapeg e o Ceia, a fim de viabilizar algumas ferramentas que vão de fato melhorar a vida da população, por meio de avanços nos processos internos da Administração Pública. “É a tecnologia a serviço das pessoas. A Plataforma de Correção Automática de Redação é um destes projetos, no qual temos a Secretaria da Educação como parceira, sendo beneficiada com a aplicação da Inteligência Artificial para auxiliar os alunos da rede pública, na preparação para as provas do Enem, mas que também poderá ser utilizado nas correção das redações de sala de aula convencional, pois seguem os mesmos padrões”, ressalta o secretário.

Com o objetivo de estimular a competitividade e a efetividade organizacional das instituições públicas e empresas privadas, o Ceia está desenvolvendo soluções tecnológicas e inovadoras baseadas em IA sustentado no engajamento empresa/governo/universidade por meio do Laboratório Deep Learning do INF/UFG. Em nível de governo, a atuação do Ceia é direcionada para as áreas estratégicas, especialmente saúde, educação, agricultura, segurança, mobilidade urbana, bem como, atendimento ao cidadão e à sociedade e eficiência administrativa.



Fonte: Secom UFG


Disponível em: https://jornal.ufg.br/n/134375-ufg-desenvolve-plataforma-para-correcao-de-redacoes-na-rede-estadual



05/10/2020

Conselho Federal de Química lança série de animações para explicar atividades profissionais


As animações explicam o que fazem os profissionais da Química em indústrias dos mais variados setores




O Conselho Federal de Química (CFQ) tem produzido conteúdos para apresentar , de forma didática e interessante, o universo da Química para diversos públicos e valorizar cada vez mais os profissionais e a ciência. Com esse objetivo, o CFQ lançou uma série de animações para explicar o que fazem os profissionais da Química em indústrias dos mais variados setores, na pesquisa, na formação de outros profissionais, na fiscalização. 

Divulgados no canal do CFQ no YouTube, os vídeos mostram o que fazem os engenheiros químicos e os técnicos em Química. O objetivo é valorizar os profissionais e despertar o interesse dos jovens estudantes por essas carreiras. 

Como as atividades relacionadas à Química são inúmeras, os papéis a serem desempenhados pelos seus profissionais também são extremamente variados. No Sistema CFQ/CRQs (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Química), podem ser registrados profissionais das seguintes áreas: Química Generalista, Química do Meio Ambiente, Química de Alimentos, Bioquímica, Biotecnologia, Bioprocessos, Química Industrial, Química de Petróleo e Biocombustíveis, Química da Segurança do Trabalho, Papel e Celulose, Química Forense, Química Têxtil, e Química dos Materiais. 

Química Indispensável 

A Química é indispensável na vida de todos e os profissionais da área atuam na garantia da qualidade e fiscalização de produtos em prol da segurança da sociedade. A Química é o fundamento da produtividade agrícola e a base material de tudo o que é utilizado no dia a dia das pessoas (produtos de limpeza, roupas, alimentos, entre outros). 

“Por trás de tudo isso, há um profissional da Química responsável por essas atividades, que é fiscalizado pelo Sistema CFQ/CRQs a fim de garantir a qualidade dos produtos e insumos visando, sobretudo, o bem-estar da sociedade”, destaca o presidente do CFQ, José de Ribamar Oliveira Filho. Atualmente, são registrados em todo país 219 mil profissionais e 47 mil empresas. 

Confira as animações:

#QuímicaIndispensável | O que os(as) engenheiros(as) químicos(as) fazem? Quais são suas principais atribuições profissionais?

https://www.youtube.com/watch?v=miYgxZlNe5w&list=PLZEox91Omgx17MaV8y1eLU4XDojF3Qzdz&index=2&t=10s

#QuímicaIndispensável | O que os Técnicos e Técnicas em Química fazem?

https://www.youtube.com/watch?v=ImaS-CMYxxM&list=PLZEox91Omgx17MaV8y1eLU4XDojF3Qzdz&index=4&t=2s

Sobre o CFQ 

O Conselho Federal de Química (CFQ) tem como função principal garantir a oferta à sociedade de produtos e serviços de qualidade e seguros. Ao lado dos 21 Conselhos Regionais de Química, forma o Sistema CFQ/CRQs, responsável por fiscalizar e coibir irregularidades relacionadas ao exercício profissional dos químicos e às empresas que empregam processos químicos em suas atividades. 


Fonte: Assessoria de Comunicação Conselho Federal de Química


Disponível em: https://quimica.ufg.br/n/133916-conselho-federal-de-quimica-lanca-serie-de-animacoes-para-explicar-atividades-profissionais

04/10/2020

Professor por acaso?

 

Por Jean Pierre Chauvin, professor de Cultura e Literatura Brasileira da ECA/USP

Jean Pierre Chauvin
Jean Pierre Chauvin – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
“Um professor não é nem mais nem menos inteligente do que qualquer outro homem; ele geralmente fornece uma grande quantidade de fatos à observação daqueles que procuram” (Jacques Rancière)[1]
E
m entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, aos 24 de setembro de 2020 d.C., o atual ministro da Educação sugeriu que “hoje ser professor” seria “quase uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”. Felizmente, a afirmação de Milton Ribeiro suscitou numerosos protestos de internautas nas redes sociais, inclusive uma carta aberta do escritor Ignácio de Loyola Brandão, a sugerir que o professor e pastor pedisse desculpas à categoria.

Longe de mim fazer ressalvas ao autor de Não verás país nenhum, distopia publicada há quase 40 anos que retrata uma terra arrasada – esta –, tomada por dogmatismos em nome da democracia; barbaridades em nome da suposta ordem; hipocrisias em nome da moralidade; doutrinação política em nome da liberdade de mercado etc.

Mas, salvo engano, penso que poderíamos sonhar um pouco mais alto e recomendar ao entrevistado que, ao menos por educação, ele se desculpasse com os seus colegas de ofício; com os docentes que julga incapazes, sem conhecer; com os alunos, monitores, estagiários e pesquisadores (inclusive os “sem-bolsa”) país afora; com os pais e mães que atuam em parceria com educadoras e educadores; com os familiares, amigos e conhecidos dos professores.

Por acaso, a maior parte dos cidadãos civis, religiosos, militares e políticos da “Pátria Amada” chegaram aonde supõem estar graças a figuras que, porventura, tenham lhes ensinado algumas coisas, situadas entre os conteúdos formais (ministrados dentro ou fora da sala de aula) e os conselhos de vida, concedidos durante o intervalo de 10 ou 20 minutos entre as aulas. Quem leciona há duas décadas, como eu, certamente terá pilhas de depoimentos sobre as múltiplas tarefas e competências do professor.

Seria o caso de perguntar: Milton Ribeiro teria dito o mesmo em relação a profissionais de outras áreas, como médicos, advogados, engenheiros, policiais, bombeiros, secretários, dentistas, oftalmologistas, almoxarifes, bartenders, enfermeiros, técnicos de radiologia, vendedores e, por que não dizermos, políticos? Suponho que não, pois, como ensinou Roland Barthes, “[…] o poder (a libido dominandi) aí está, emboscado em todo e qualquer discurso, mesmo quando este parte de um lugar fora do poder”[2].

Lição elementar da lógica: o risco da generalização é que, além de (fingir) ignorar as condições precárias de trabalho docente e silenciar perante a falta de investimentos em ensino e pesquisa, o representante máximo da educação contradiz o título do posto a que foi alçado, sucedendo a colegas que declararam guerra à Educação e à Ciência; negaram a história; ridicularizaram docentes e discentes na televisão; inventaram experiências inexistentes no currículo etc. etc. etc. Teriam eles sido ministros por acaso?

O problema é que sou desses que tomaram gosto por analisar e interpretar textos, especialmente quando envolvem circunstâncias nada casuais. Parece-me descabida boa-fé supor espontaneidade em declarações como a de Milton Ribeiro. Afirmações desse quilate, veiculadas em jornais de grande circulação, alcançam milhões de brasileiros.

Palavras feito aquelas, aparentemente soltas, embora proferidas por um professor que ocupa a pasta da Educação, colaboram com que a sociedade veja incompetência profissional onde falta remuneração justa e estrutura adequada nas escolas e universidades; condene “assistencialismo”, em vez de defender o direito de crianças, jovens e adultos ao ensino gratuito, laico e de qualidade; suponha haver profissionais do acaso, onde sobram provas de que os professores constituem uma das classes mais desprestigiadas e precarizadas (no país onde ler, escrever, realizar operações básicas de aritmética e raciocinar continuam sendo pontos mais do que fracos).

Posso afiançar que muito do pouco que sou guarda relação direta com o colégio que frequentei e a universidade em que estudei. Talvez por ser filho e sobrinho de professores; talvez por ter confiado nos bons mestres e mestras que tive; talvez por partilhar do diálogo com sábios colegas de giz, lousa e saliva; talvez por ser curioso; sabe-se lá, eu tenha me tornado professor.

Creio que eu até consiga “fazer outras coisas”, além de pesquisar, preparar e vender aulas. Mas, ainda que tivesse me tornado professor por acaso ou conveniência, suponho que isso não impediria me empenhar em fazer o melhor por mim e pelas(os) estudantes, justamente para que desconfiem daqueles sujeitos que recorrem à hipocrisia, ao negacionismo e ao senso comum como pseudoargumentos.

[1] O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Trad. Lilian do Valle. Belo Horizonte, Autêntica, 2002, p. 108.

[2] Aula. Trad. Leyla Perrone-Moisés. 14ª ed. São Paulo, Cultrix, 2009, p. 9.


Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/professor-por-acaso/

18/07/2020

Pandemia faz aumentar busca por planejamento sucessório empresarial no DF


André Macedo de Oliveira é professor da Faculdade de direito da UnB; sócio do Barbosa, Müssnich Aragão Advogados em Brasília; desembargador do TRE-DF (2016-2018); doutor e mestre em direito pela UnB.

Giovani Trindade C. F. Menicucci é advogado do Barbosa, Müssnich Aragão Advogados em Brasília; mestrando em direito pela PUC-SP; ex-professor do curso de direito do IESB


André de Oliveira e Giovani Menicucci 

Como dizia o arquiteto Oscar Niemeyer, "a vida é chorar e rir a vida inteira. Aproveitar os momentos de tranquilidade e brincar um pouco. Depois, os outros, é aguentar. A vida é um sopro né?" A frase tão marcante deu nome ao documentário " Oscar Niemeyer - A Vida é um Sopro " que fala da trajetória desse personagem fundamental da história de Brasília, que completa seis décadas este ano.
Nesse sopro, nessa caminhada, a capital federal vive hoje um inigualável e impensável isolamento, com o consequente abalo nas relações sociais, e, claro, na saúde e na economia, todos provocados pela pandemia do Covid-19 no Brasil . Percebe-se, com isso, uma corrida do setor empresarial para reinvenção dos negócios e movimentos para novos projetos e perspectivas.

Nessa esteira de reinvenção das atividades, percebe-se um crescimento elevado de procura de empresas familiares para um planejamento sucessório de seus negócios. Essas empresas, que segundo informações disponibilizadas pelo Sebrae e IBGE, representam cerca de 90% dos empreendimentos no Brasil, respondendo por 75% da força de trabalho, percebem a necessidade de profissionalizar a gestão, a adaptação à novas tecnologias, sobre as divergências entre as gerações e, sobretudo, a administração do negócio.

Nessa procura por ajuda especializada, empresários brasilienses, preocupados com a sucessão de seus negócios, apresentam indagações de forma quase uniforme: como os filhos tocarão os negócios? Como continuar no controle? Como dividir e reestruturar sem conflitos? E o nome consolidado da empresa? E a tributação? É possível uma reorganização societária? E a participação dos filhos que estão fora da atividade? Como lidar com as inovações e desafios impostos pela pandemia?

Essas indagações refletem no direito de família, no direito sucessório, no direito societário e no direito tributário. Isso porque, fazendas, hospitais, shoppings, faculdades, escolas, redes de supermercados, drogarias e construtoras têm sido atingidas pelas consequências humanas e econômicas impostas pela pandemia de Covid-19.

Nesse novo e preocupante contexto, além das vantagens jurídicas e econômicas, como redução de custos, o planejamento sucessório traz transparência, segurança e confiança para a atividade empresarial familiar. É essencial para assegurar a continuidade dos negócios por mais de uma geração. Empresas familiares, em muitos casos, perdem a continuidade nas gerações seguintes por falta de um planejamento próprio, que tem se acentuado, inclusive, diante dos desafios impostos pela pandemia.

A arquitetura jurídica dos inventários, em muitos casos, mostra um retrato de conflito, de falta de transparência, de ineficiência e do esquecimento das tradições e valores familiares, que é fundante para uma empresa com essa característica.

Esse planejamento, como o próprio nome revela, requer, contudo, tempo e preparação. Como todo planejamento, necessita de estudos, reuniões, mediações, encontros e, em especial, transparência entre os membros familiares. Um processo dessa natureza requer, de um lado, maturação e visão de negócio e, do outro, experiência na condução jurídica do assunto.

O planejamento sucessório, ao contrário de conflitos judiciais infindáveis, revela um novo olhar para a concretização do direito no âmbito empresarial e familiar. Com isso, preservam-se não apenas empregos e negócios, mas também a integridade dos núcleos familiares.

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André Macedo de Oliveira é autor dos seguintes livros:

OLIVEIRA, André Macedo de . Recursos Especiais Repetitivos. 1. ed. Brasília: Gazeta Jurídica, 2015. v. 1. 232p .

OLIVEIRA, André Macedo de . Ensino jurídico: diálogo entre teoria e prática. 1. ed. Porto Alegre (RS): Sergio Antonio Fabris Editor, 2004. v. 1. 184p .
















25/06/2020

Cidades brasileiras e a covid-19


Por Alex Abiko, professor titular da Escola Politécnica da USP


Alex Abiko – Foto: Assessoria Poli/USP

Temos acompanhado com muita preocupação as últimas notícias a respeito das flexibilizações em relação ao isolamento social que estão sendo adotadas no País e nas cidades brasileiras. As recomendações divulgadas pelos poderes públicos ora estão sendo acatadas pela população, ora são desobedecidas, pois cada indivíduo as interpreta conforme a sua consciência, a sua compreensão da situação e as suas possibilidades econômicas e sociais.



Cada um de nós está a cada momento tendo que avaliar o que seria o melhor para si, a sua família e também para os que estão em seu entorno e a sociedade, acompanhando as diretrizes locais, estaduais e federais e a evolução dos números nem sempre reais dos infectados e dos óbitos, que continuam subnotificados.

Neste cenário de indefinições em que não se sabe ao certo o que nos espera, cabem algumas reflexões que terão um impacto quando a pandemia arrefecer e quando nos pusermos a tarefa de atuar sobre as nossas cidades para que elas estejam melhor preparadas para enfrentar problemas semelhantes aos que estamos vivenciando no momento.

O artigo publicado como research article pelo jornal Urban Studies em 31 de março deste ano por Creighton Connolly, Roger Keil e S. Harris Ali, “Extended urbanisation and the spatialities of infectious disease: demographic change, infrastructures and governance”, contribui para o entendimento da presente situação, e lança algumas questões acerca da presente situação.

A primeira questão levantada pelo artigo, sustentada em algumas pesquisas já realizadas, é que existe uma relação entre as doenças que eclodiram recentemente e o crescimento da população nas diferentes regiões do planeta onde isso aconteceu. Muito provavelmente esta situação tem ocorrido nas cidades e particularmente nas suas chamadas áreas de urbanização estendida, ou seja, na ocupação de territórios rurais não ocupados anteriormente por atividades humanas. Isso foi observado nos surtos de ebola, Mers, Sars e covid-19.

A segunda questão está relacionada com o papel da infraestrutura como veículo de disseminação das doenças, incluindo aí as redes de transportes, as redes de água e coleta de esgotos, e os sistemas de coleta, tratamento e deposição de resíduos sólidos. Estas infraestruturas foram desenhadas e construídas para favorecer a logística necessária para a melhoria de nossas vidas, mas também representam canais por meio dos quais a disseminação de doenças se potencializa.

Finalmente há que se considerar a governança existente nas cidades que contemplam os seus sistemas de saúde, tanto a saúde preventiva como a curativa, e as diversas práticas que relacionam as políticas públicas com aspectos de higiene, salubridade e bem-estar. Cabe nesta questão questionar o quanto, no Brasil, as legislações urbanísticas, particularmente as leis municipais do Plano Diretor e do Zoneamento, levam em consideração esses aspectos. No entanto cabe lembrar que as epidemias/pandemias não obedecem aos limites territoriais das cidades e dos municípios e que portanto seria necessário envolver governos regionais, metropolitanos, estaduais e federais nessa governança.

Para além do artigo mencionado, à guisa de contribuição para o debate e na tão esperada pós-pandemia, cabe mencionar alguns aspectos a serem levados em consideração no desenho de políticas públicas no País.

Iniciamos mencionando a importância de termos eficientes sistemas de informação pública, transparentes, atualizados e ao mesmo tempo que preservem a privacidade dos cidadãos. Uma referência reconhecida mundialmente é o sistema existente na Índia, que registrou digitalmente mais de 1,2 bilhão de cidadãos em menos de uma década. Esse é um importante instrumento para a elaboração de políticas públicas inclusivas no Brasil, país heterogêneo, desigual e com tantos problemas a serem resolvidos, e que necessitaria ser implantado com urgência.

A seguir deve-se mencionar o papel da educação, do ensino e da pesquisa, que foram revelados de maneira única no País, nestes quatro meses de pandemia. Todos os envolvidos nesses processos foram obrigados a se engajar nesse movimento de viabilizar da melhor forma possível atividades a distância que fossem eficientes, com todas as dificuldades técnicas, econômicas e de conhecimento envolvidas.

A intensa mobilização identificou dificuldades, gargalos, limitações e oportunidades únicos. O conhecimento das dificuldades enfrentadas e dos ganhos obtidos poderá alavancar iniciativas que serão incorporadas aos novos processos educacionais em todos os níveis e também no desenvolvimento de pesquisas colaborativas com centros e laboratórios espalhados em vários países.

Do ponto de vista urbanístico stricto sensu, existe e continuará a existir uma grande dúvida no Brasil: o adensamento das cidades deverá continuar a ser incentivado como propõe o chamado urbanismo sustentável? Ou a pandemia nos trouxe a lição que devemos nos distanciar procurando ocupar discretamente os espaços das cidades? Para alimentar essa discussão, como exemplo, Singapura, Hong Kong e Seul não sofreram proporcionalmente mais com a covid-19 se compararmos com outras localidades, apesar de suas elevadas densidades populacionais, pois estabeleceram rígidas políticas de afastamento social e implantaram sistemas de monitoramento da expansão da contaminação de sua população.

No entanto, cabe registrar que densidades muito elevadas no País são observadas nas inúmeras favelas que, segundo o IBGE, abrigam 6% dos brasileiros, ou seja, algo como 12 milhões de habitantes, acrescidos dos moradores de loteamentos clandestinos, número difícil de ser contabilizado, mas que corresponde pelo menos ao dobro, ou seja, 24 milhões de pessoas. Esses ambientes urbanos são caracterizados por sua informalidade e pela precariedade de sua infraestrutura, notadamente abastecimento de água, coleta de esgotos e de drenagem. A existência dessas características de elevada densidade e de carência de infraestrutura facilita a disseminação da atual pandemia.

Sem dúvida a gestão de nossas cidades está sendo testada no seu extremo com a pandemia do coronavírus. A covid-19 é um grande desafio para elas, e as políticas adotadas de forma emergencial deverão ser avaliadas quando a sua disseminação arrefecer.

Estamos vivenciando uma severa crise sanitária, econômica e social e devemos estar atentos para que esta dura experiência nos sirva de lição e que consigamos melhorar os nossos mecanismos de planejamento e de gestão urbanos, pois, conforme os epidemiologistas, infelizmente existe uma grande probabilidade de que novas epidemias venham a ocorrer.


URL relacionada: https://jornal.usp.br/artigos/cidades-brasileiras-e-a-covid-19/

08/06/2020

Professor da UFG lança livro sobre brincadeiras e jogos quilombolas


Proposta é ir além de coletânea de jogos, mas resgatar a cultura destes povos


O professor da Universidade Federal de Goiás, Leonardo Andrade, em parceria com professores do Instituto Federal Goiano lançaram o livro Diversão e Conhecimento: um resgate de brincadeiras e jogos da comunidade quilombola do cedroo. A proposta deste livro não é ser uma simples coletânea de jogos, brincadeiras e brinquedos. Segundo o professor, é antes de mais nada, resgatar a tradição de um povo que faz parte de uma cultura universal que tem sido deixada à margem, pela ideologia dominante: "Esta ideologia, fundamentada num discurso em prol do progresso, tem instituído valores, padrões e comportamentos, homogeneizando todos os povos e desconsiderando as identidades nacionais e regionais dos diferentes grupos que compõem a sociedade brasileira."
Para ele nesse contexto, percebe-se uma tentativa de desconstruir a ideia de utilizar jogos e brincadeiras como processos educativos, minimizando sua importância com respaldo na falácia de não haver fins pedagógicos para tais práticas. Esta obra tenta refutar essa ideia, possibilitando ao professor refletir sobre os sentidos e significados dos jogos, brincadeiras e brinquedos, valendo-se deles como elementos motivadores para a releitura da cultura quilombola e dando um novo sentido às aulas na Educação Básica. 

Livro faz um resgate de jogos e brincadeiras da comunidade quilombola


As manifestações corporais e os brinquedos descritos neste livro resultaram de uma pesquisa de caráter etnográfico e etnobotânico financiada pelo Conselho Nacional de Desempenho Científico e Tecnológico – CNPq, realizada por servidores do IF Goiano de 2016 a 2018 no quilombo do Cedro, localizado em Mineiros, no estado de Goiás. Dela também resultaram outras quatro publicações para uso escolar: 
- Um Girassol para Tiana, escrito por Tatianne Silva Santos e Mara Núbia Dionísio; 
- Lembranças Cedrinas: uma experiência de contação de histórias bilíngue, organizado por Priscila Rodrigues do Nascimento, Joana Dark Leite, Maurício Fernando Schneider Kirst e Tânia Regina Vieira; 
- How way leads on to way: narrative in an interactive process, de autoria de Maria Luiza Batista Bretas e Vera Maria Tietzmann; 

Professor Leonardo Andrade (FEFD-UFG) é um dos autores do livro

Autores - O livro que contou com a coautoria de Leonardo Andrade, que foi professor no CEPAE/UFG e hoje é discente no Programa de Pós-Graduação Stricto Senso da FEFD/UFG. Os outros autores são servidores do IF Goiano, sendo a primeira autora a Professora Tatianne Santos e o segundo o Professor Matias Noll, que também é orientador no Mestrado Acadêmico da FEFD/UFG.

O projeto está dividido em quatro capítulos: “A Comunidade Quilombola do Cedro – uma trajetória de luta e resistência”, apresenta algumas informações sobre a origem e as características dos habitantes remanescentes do quilombo original; “ Jogos e brincadeiras na escola: fim ou meio?”, aborda a manifestação cultural dos jogos e brincadeiras enquanto processo didático no ambiente escolar; “Explorando a cultura africana pelo brincar”, tem como objetivo principal relatar a origem africana de alguns jogos possibilitando a reflexão sobre a luta do negro diante da escravidão; o quarto capítulo traz a descrição de jogos, brinquedos e brincadeiras praticadas na Comunidade Quilombola do Cedro nas últimas sete décadas. 

O intuito dessa produção é contribuir com a prática pedagógica de professores que estão situados no interior da educação básica, socializando costumes, tradições e, principalmente, manifestações corporais de origem quilombola. Este livro é destinado para professores e professoras que assim como nós, acreditam em uma educação escolar objetiva, pública e transformadora.
Ressalto que a educação escolar tem papel mediato na transformação social, pois atua diretamente na formação dos agentes sociais que farão a ação transformadora, assim poderemos vislumbrar o vir a ser de um mundo melhor. 

Fonte: Secom UFG

03/06/2020

UFG desenvolve teste molecular rápido para COVID-19 em microchips


Técnica é capaz de reconhecer a doença desde o primeiro dia de sintomas e fica pronto em menos de 2 horas


Kharen Stecca

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás desenvolveram um método de diagnóstico capaz de detectar a presença do coronavírus no paciente desde o primeiro dia dos sintomas. A técnica chamada de RT-LAMP é uma técnica de amplificação de DNA, assim como a PCR (Reação em cadeia da polimerase), técnica padrão ouro para diagnóstico da COVID-19, porém o processo no qual amplifica o material genético do vírus é realizado de maneira mais simples, barata e rápida. Além disso, a RT-LAMP é 10 mil vezes mais sensível que a PCR. Por detectar a presença do RNA do vírus desde o início, pode permitir um tratamento adequado rapidamente e o isolamento do paciente, de modo a conter a transmissão do vírus a outras pessoas. A pesquisa é fruto do trabalho do Grupo de Pesquisa de Biomicrofluidica do Instituto de Química e do Laboratório de Genética Molecular e Citogenética do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás.

Quando não há o vírus, a cor verde fluorescente não é gerada 

As vantagens do teste não param por aí, ele é simples e rápido. No trabalho dos professores da UFG a amplificação do RNA do vírus é realizado em um microchip, que utiliza um volume muito pequeno (microlitros) de amostra e reagentes. Esses dispositivos são descartáveis e portáteis. Assim, o teste pode ser levado para o local de necessidade, os chamados point-of-care. A reação de amplificação do RNA é realizada em 10 minutos. A leitura dos resultados é colorimétrica, e trata-se de um modo de detecção simples e rápido, feita a olho nu. A cor verde fluorescente é gerada quando existe a presença do vírus na amostra do paciente. Quando não há o vírus a cor verde fluorescente não é gerada. 

O teste baseado em RT-LAMP pode ser realizado em um tempo total inferior a 2 horas, enquanto um teste baseado em PCR leva cerca de 7 horas. Além disso o custo do teste é cerca de 40 vezes menor do que a PCR, além de não necessitar de instrumentação cara, pois a reação ocorre em temperatura constante. O teste foi otimizado inicialmente com o cultivo de vírus inativado doado pelo Laboratório de Virologia Clínica e Molecular (ICB-USP), por meio do professor Édison Durigon. Em seguida, o teste foi aplicado em amostras reais de pacientes, previamente testadas por PCR em tempo real. Os resultados obtidos com o teste em amostras reais concordaram com o teste considerado padrão-ouro, a PCR. A pesquisa está agora em fase de validação com um número maior de amostras, para que em breve o teste possa ser aplicado para a população.

Estudos anteriores

A equipe que desenvolveu o teste também já têm estudos publicados com plataformas microfluídicas para detectar o zika vírus, dengue e chicungunya. Nestes estudos a detecção foi feita com amostras de saliva. O grupo está em fase de testes para que a saliva possa ser utilizada diretamente nos testes da COVID-19, o que facilita a coleta, mais simples do que de amostras de nasofaringe. A expectativa é que, a depender do apoio que a pesquisa receber, o teste esteja disponível para a população em 2 meses. “Nosso grupo tem grande potencial para realização de testes rápidos, sensíveis e com alta confiabilidade, que poderá ajudar o Brasil a aumentar a testagem da população”, afirma a pesquisadora Gabriela Rodrigues Mendes Duarte.

Vantagens ao PCR

A metodologia considerada padrão ouro para o diagnóstico da COVID-19, a PCR em tempo real, apresenta algumas limitações que podem ser superadas com o teste desenvolvido pelo grupo da UFG. A PCR dificulta a testagem em massa, ou seja de um grande número de pacientes, primeiramente devido ao alto custo. Ela também exige instrumentação sofisticada e aplicação de várias etapas que torna o exame mais demorado. Também é necessária mão de obra altamente qualificada e sua realização tem sido dificultada pela escassez de insumos para PCR devido a grande demanda mundial. Por isso, o surgimento de uma técnica rápida, barata, que exige poucos insumos, pode mudar a forma como a COVID-19 é diagnosticada no Brasil e no mundo.

Equipe:
Profa. Dra. Gabriela Rodrigues Mendes Duarte IQ/UFG
Profa. Dra. Elisângela de Paula Silveira Lacerda ICB/UFG
Kézia Gomes de Oliveira - Doutoranda do IQ/UFG
Geovana de Melo Mendes - Doutoranda do IQ/UFG
Paulo Felipe Neves Estrela - Mestrando do IQ/UFG
Carlos Abelardo dos Santos - Mestrando do ICB/UFG



Fonte: Secom UFG




28/05/2020

A ignorância é, desde a origem do Brasil, um instrumento de poder

Por José de Souza Martins, sociólogo e Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP


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A ignorância é, desde a origem do Brasil, um instrumento de poder

José de Souza Martins – Foto: Marcos Santos / USP Imagens



Os reiterados apelos de autoridades médicas para que a população permaneça em quarentena, durante a epidemia de covid-19, têm tido consequências aquém do esperado e, principalmente, do necessário. Há diversos fatores sociais e culturais por trás da imprudência coletiva. A começar de que milhões de brasileiros não têm habitação ou a habitação adequada ao isolamento.



Além do que, esses apelos se baseiam no pressuposto equivocado de que toda a população regula seu comportamento costumeiro, em questões de saúde, pelas mesmas concepções dos médicos e dos cientistas.
Equivocado porque, historicamente, o brasileiro é culturalmente duplo, nas concepções e na língua, uma das consequências das duas escravidões que fizeram o Brasil que conhecemos, a indígena e a negra, além da influência do branco retrógrado. Somos um país atrasado. O que faz do conhecimento científico um conhecimento paralelo ao popular, e com ele em disputa.

No geral, médicos intuem isso. Problema que se abrandaria se nos currículos das faculdades de medicina fosse incluída a antropologia. Uma ponte sobre o abismo que separa e contrapõe as duas culturas.
Tenho observado, em minhas pesquisas, muitos casos, embora fragmentários, no Brasil inteiro, que evidenciam o quanto amplos setores de população estão muito longe das recomendações da cultura médica. E do que seria próprio de uma sociedade cujas normas de saúde fossem reguladas pela racionalidade da própria ciência.

Os muitos casos esparsos que observei deixam claro que o saber popular sobre doença e saúde, mesmo nas grandes cidades, está numa relação de conflito e antagonismo como o saber do médico. O próprio presidente da República, por ignorância e oportunismo explícitos, expressa diretamente esse conflito, ao agir para contestar a medicina.

Num cenário desses, é difícil definir normas de saúde pública, especialmente em momentos de emergência e de urgência. É de limitada eficácia, numa disputa desse tipo, a recomendação de normas da noite para o dia.

Esta é uma interpretação impressionista desse desencontro. Mas do peculiar impressionismo de que se vale todo pesquisador e cientista para definir o primeiro e provisório quadro de sua observação científica sobre determinado problema ou questão.

Seu senso comum é diverso do senso comum popular. É, antes, uma sistematização de conhecimento científico, que lhe permite ver, na urgência de situações inesperadas, o que o conhecimento popular não permite ver senão impropriamente no plano mágico e, eventualmente, religioso.

O problema começa com o fato de que há no Brasil, historicamente, uma ampla ignorância induzida, que se tornou o fundamento de uma cultura paralela de permanente disputa entre juízos de realidade. A ignorância é, desde a origem do Brasil, um instrumento de poder.

É esse o cenário que define os problemas de saúde pública, em situação de emergência, como agora. Os serviços de saúde chegam à massa da população, seja dos pobres, seja da classe média, precariamente. É mais fácil fazer uma consulta médica do que fazer os exames recomendados pelo médico, que podem demorar meses. As coisas se complicam se for necessária uma internação, uma cirurgia.

Com isso, o médico se torna coadjuvante das improvisações e soluções da medicina popular, do curandeirismo, dos benzimentos. As pessoas ficam sabendo que suas dores e incômodos têm nome, nome de doenças. Mas a solução acaba sendo procurada fora do âmbito médico. Não é casual que aqui a medicina científica seja de fato apenas a segunda instância da medicina popular, da automedicação, das campanhas de liquidação de remédios nas farmácias.

Um dos aspectos mais problemáticos desse desencontro é a descrença no saber médico. Sou usuário de hospital público e gosto de acompanhar as conversas de sala de espera. As pessoas trocam informações sobre as queixas que estão levando ao médico. Os outros pacientes opinam, fazem diagnósticos, até dizem que exames o queixoso recomende ao médico para que apenas faça a requisição.

Quando falha o convencimento alternativo do leigo, também paciente, entra o diagnóstico religioso. A conversa, então, se torna proselitismo em favor do grande médico de todas as enfermidades. Já presenciei na espera do ambulatório do Hospital Universitário da USP entre três evangélicos, vinculados a três diferentes igrejas fundamentalistas, por eles mesmos identificadas, por que um impugnava a visão religiosa do outro em nome da sua.

Por trás da resistência à quarentena há um conjunto extenso de insuficiências históricas, sem solução numa situação de emergência, como esta, que é também a de insuficiência do governo.

(Artigo publicado originalmente no Valor Econômico, edição de 22/05/2020)


Veja algumas obras de José de Souza Martins:


"A Chegada do Estranho"

"A aparição do demônio na fábrica: Origens Sociais do eu Dividido no Subúrbio"

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Foto: Marcos Santos/USP Imagens Em parceria com farmacêuticas, Instituto de Ciências Biomédicas testa medicamentos já existentes,...